Quem eu sou?

Como não tenho o dom de ler pensamentos, me preocupo somente em ser amigo e não saber quem é inimigo. Pois assim, consigo apertar a mão de quem me odeia e ajudar a quem não faria por mim o mesmo.
Quem não lê, não pensa, e quem não pensa será para sempre um servo.


segunda-feira, 15 de setembro de 2008

ANALISE DA RODADA DOHA SOBRE A ÓTICA REALISTA

Tema: “O Brasil e as negociações comerciais: A cartada do Brasil”*

Paulo Daltro**
A rodada de negociações para liberalização do comercio internacional, Rodada Doha, representa um esforço do governo Lula para a redução da absurda distância que separa a agricultura dos demais setores econômicos. Este acordo iria ampliar nossa inserção no mercado internacional. Sendo a primeira rodada no âmbito do OMC que possui enfoque no desenvolvimento econômico de países não-desenvolvidos, a Rodada de Doha chama mais atenção pelo impasse nas negociações comerciais. Tal impasse só é compreensível se levar em consideração o atual quadro de desenvolvimento da economia política dos Estados-membros envolvidos nesta negociação. Destacando para esta Rodada Doha, dois grandes blocos: De um lado está o G-20, este grupo que é liderado pelo Brasil, Índia e China, considerados potências emergentes. Sendo a justificativa para o seu nascimento a formação de uma aliança de potências emergentes para barganhar maiores benefícios comerciais de liberalização para o setor agropecuário. Já do outro lado está os Estados Unidos, a União Européia e o Japão, que defendem maior abertura de mercados para os setores secundário e terciário. Estes países possuem elevadas barreiras tarifárias e não-tarifárias para importação de produtos agropecuários, ao contrário dos países-membros do G-20.

A rodada de Doha é muito importante para o Brasil porque eliminará um grande numero de subsídios agrícolas que competem de maneira desleal com a nossa agricultura. Esta rodada tem uma importância muito grande em contribuir para uma maior estabilidade de produção, porque estes subsídios agrícolas são muito negativos no que diz respeito aos países em desenvolvimento com é o caso do país. Esta estratégia de negociação faz parte de um projeto para rever o modelo de desenvolvimento neoliberal praticado por muitos outros ex-presidentes do Brasil, onde estariam produzindo uma inércia generalizada da nossa economia. Para a administração Lula, seria de extrema importância à conclusão destes acordos comerciais, cujos benefícios alcançados não seriam superados por acordos bilaterais. É conhecida a preocupação de que não podemos ceder uma abertura industrial em troca de algumas pequenas vantagens oferecidas pelos países de primeiro mundo. Esta Rodada não poderá provocar cortes nos subsídios concedidos pelo governo brasileiro à agricultura familiar, sendo este setor responsável pelo fornecimento da maior parte dos alimentos consumidos no país. Temos que analisar o fato da agricultura familiar se tornar de fato uma economia rentável corre o risco dos latifúndios tomarem posse deste sistema econômico. Este pode ser o acordo no âmbito universal em que o governo brasileiro negociará suas vantagens comparativas e apresentará ao mundo o que tem de melhor em seu mercado, tendo a possibilidade de colocar em visibilidade nossos produtos no cenário internacional, multiplicando muito nosso poder de barganha. Com isso, este acordo comercial aumentaria nossa possibilidade de êxitos permanentes. Só poderemos aceitar a abertura do nosso comercio quando também poderemos “explorar” outros mercados visando sair-mos também vencedores, já que o Brasil não poderá fazer concessões que fragilize sua economia. Cabendo somente ao governo brasileiro, voltar para este acordo com maior força política, e poderemos, através de nossas vantagens comparativas, impor acordos de negociações como resultado de seu trabalho e economia. Por isso, a Rodada Doha poderá trazer vantagens substanciosas para nossa política externa, cabendo à política externa do governo Lula manter sua linha de política estabelecida e economia mais peculiar.

O grande esforço do Brasil na Rodada Doha para negociar um novo acordo no âmbito do comércio de bens agrícolas na política externa, será aumentar suas produções e exportações agrícolas se beneficiando desses fortes mercados. Isto tem que ser bem definido em função dos interesses concretos do Brasil de ampliar nos países desenvolvidos e também em outros emergentes o mercado para nossos produtos industriais e do agronegócio, incluída a prioridade de transformação do etanol numa expressiva commodity energética. A política de biocombustíveis pode reduzir a pobreza não só no Brasil como em toda a América. O etanol e o biodiesel têm extraordinário potencial na geração de renda e de postos de trabalho, sem falar do impacto na redução de combustíveis fósseis, além de serem mais caros, também são muito mais poluentes.

A política externa do governo Lula, só fará sentido se pretender enfrentar esses desafios e buscar um melhor posicionamento do país no sistema internacional. Este é o grande desafio, é trabalhar para que as regras do sistema internacional sejam mais favoráveis à sociedade brasileira. Sabemos que o governo Lula está se portando de maneira menos subordinada aos interesses das grandes potências como os Estados Unidos e a União Européia. A decisão em apoio a este tipo de acordo comercial estava correta por atender aos interesses econômicos do país. Contudo, trata-se de diminuir as barreiras às exportações do agronegócio nacional. Ao fortalecer as exportações agrícolas, o governo Lula consegue incentivar o desenvolvimento rural sustentável. Neste cenário de política externa que se encontra o Brasil, nestes desafios comerciais internacionais em relação a estas negociações da Rodada Doha, visam a impedir que os grandes Estados em desenvolvimento diminuam os subsídios aos seus produtos agrícolas. Para tanto, temos que ter provas concretas de que os países desenvolvidos estão dispostos a abrir seus mercados com a redução das barreiras protecionistas e a eliminação dos subsídios bilionários, que penalizam exportadores competitivos de produtos agrícolas do mundo para que os países pobres tenham condições de vender seus produtos aos países ricos.

Esta Rodada de Doha representou um avanço em direção a um acordo comercial mais claro e universal. Onde o Brasil tem que desempenhar um papel de defensor de um comércio internacional mais justo que atenda aos interesses dos países em desenvolvimentos e dos países emergentes. O Brasil demonstrou claramente a sua maturidade quando resolveu fazer o acordo assumindo sua responsabilidade no cenário internacional.

Estas articulações do governo Lula, ajudarão a tirar milhões de pessoas da pobreza. Agricultores que não podem competir com os recursos milionários dos países desenvolvidos. Países que hoje não exportam produtos agrícolas poderão começar a fazê-lo. Estes subsídios que distorcem o comércio agrícola exportam fome e miséria. Motivados, os países pobres irão produzir muito mais e com isso evita uma crise de alimentos como estamos vivenciando agora.

O Brasil assumiu uma postura e firmeza na fase das negociações para liberalização do comercio internacional que abrirá mais espaço para nossos produtos nos grandes mercados norte-americano e europeu. O que se espera é a liberalização do comercio internacional em relação à agricultura, o que trará vantagens ao Brasil, que é um país altamente com vantagens competitivas. O Brasil tem alta produtividade, produção e capacidade de competir. A retirada de barreiras facilitaria muito para o Brasil.

A Rodada Doha tem que ser um projeto realmente transformador que favorecerá uma sociedade mais bem constituída, muito mais desenvolvida em âmbito internacional. Esperamos que os avanços já alcançados durante as discussões sejam preservados.
*Tema da Primeira Etapa para a disciplina de “Teoria das Relações Internacionais” do curso de RI.
**Aluno do Curso de RI do PT. Gestor de TI. Membro da Executiva Municipal do PT de Simão Dias/Sergipe.

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