Quem eu sou?

Como não tenho o dom de ler pensamentos, me preocupo somente em ser amigo e não saber quem é inimigo. Pois assim, consigo apertar a mão de quem me odeia e ajudar a quem não faria por mim o mesmo.
Quem não lê, não pensa, e quem não pensa será para sempre um servo.


quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

PT, PCdoB e PSB alertam para o fim do modelo econômico neoliberal


“Vivemos tempos sombrios”. Esta frase, do dramaturgo alemão Berthold Brecht, ilustra com fidelidade a opinião dominante entre todos os palestrantes que participaram do seminário-debate “A crise internacional e as alternativas da esquerda”, promovido em conjunto pelo PT, PSB e PC do B, durante todo o dia de ontem (16/12), no Sol Barra Hotel, em Salvador. A iniciativa é o primeiro movimento articulado por estas três forças partidárias progressistas no sentido de discutir a crise financeira internacional, seus efeitos e refletir possíveis saídas que serão defendidas pela esquerda. A primeira mesa teve como convidados Saul Escobar (Secretário de relações internacionais do Partido da Revolução Democrática do México), Renildo Souza (PCdoB), e Ricardo Berzoini (PT) e Lídice da Mata(PSB). “Larga e profunda”, assim definiu Saul Escobar, ao se referir sobre as características desta crise. Ele afirmou também afirmou que os seus efeitos já chegaram aos países periféricos. O representante da esquerda mexicana estima que este momento dure ao menos três anos e previu que a pobreza irá se expandir, os movimentos sociais passarão por um período de grande dificuldade organizacional e a sociedade poderá viver um período de desordem social. Saul chamou de câncer a especulação financeira e, numa alusão a justificava norte-americana para a invasão do Iraque, chamou os derivativos financeiros (contratos cujo valor depende ou deriva do valor de outros instrumentos financeiros. Ex: ações, commodites, etc) de “as armas de destruição em massa do capitalismo”. Ao elogiar a iniciativa do encontro, Saul afirmou não haver ainda uma solução clara para a crise, mas que discussões desse nível, certamente, ajudam a encontrar as soluções.O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Ricardo Berzoini, pensa que neste momento é necessário se ampliar as discussões, pois este modelo econômico se exauriu e precisa ser modificado com urgência. Ele defendeu um controle mais rigoroso e diretivo sobre os recursos liberados para combater a crise, “não se pode liberar recursos sem compromissos definidos e sem saber onde serão aplicados. Berzoini lembrou que sempre foi pensamento da esquerda a instituição de mecanismos de controle sobre o sistema financeiro e, afirmou ser a liberação da excessiva da economia, uma das principais causas da crise. Ao concluir suas argumentação ele foi enfático: “O modelo neoliberal tombou como um castelo de cartas. Nós da esquerda precisamos estabelecer uma agenda pública, prepositiva e unificada para enfrentar este enorme desafio”. A representante do PSB, a deputada estadual Lídice da Mata, além de concordar com as análises elaboradas pelos componentes da mesa, ampliou as discussões ao questionar sobre qual o modelo que se quer conduzir para o enfrentamento desta crise. “Não é possível continuarmos investindo todos os nossos recursos neste modelo predador, que sequer coloca em pauta as discussões relativas ao meio ambiente. O que precisamos é propor algo sustentável para um mundo melhor e mais justo”, argumentou a parlamentar. Estiveram à mesa para os debates no período da tarde o professor e ex-presidente do BNDES Carlos Lessa (PSB), Valter Pomar (PT) e Renato Rabelo (PCdoB). Carlos Lessa utilizou da mesma ilustração do castelo de cartas para, desta vez exemplificar a expansão especulativa dos derivativos quando comparado à economia real. Ao afirmar que a crise atual é conseqüência da crise de confiança sistêmica e o estouro do que chamou de bolha especulativa criada pela super acumulação de capital. “Temos a economia real com um PIB de cerca de 60 trilhões de dólares e outros 130 trilhoes de dívida primária, entretanto os derivativos representam algo em torno de dez vezes mais do que o PIB real, espantosos 600 trilhões de pura especulação”. Para Lessa o mundo não será mais o mesmo após a crise, ele acredita que tendência de formação de blocos econômicos deve ser confirmada como a alternativa mais viável para os países superarem este momento. Falando sobre o Brasil, Carlos Lessa criticou duramente a política monetária imposta pelo Banco Central e a postura de juros altos defendida por Henrique Meireles.Valter Pomar iniciou suas considerações destacando quatro pontos fundamentais para o entendimento da crise. Em primeiro lugar, ele fala que a crise é da natureza do capitalismo, outro aspecto destacado foi a brutal crise hegemônica dos E.U.A, também chamou a atenção para a profundidade e a complexidade da crise, afirmando que ela terá uma duração muito maior do eu se imagina. Por último afirmou que o desfecho para o atual momento está em aberto e que será de fundamental importância a luta da classe trabalhadora para os encaminhamentos das soluções. Ao comentar que este é o momento dos partidos de esquerda saírem da defensiva ideológica e impor uma postura mais ousada e audaciosa nos seus discursos, cobrou um posicionamento mais incisivo e determinado, destes partidos, contra a política de juros altos do BC. O presidente do PC do B, Renato Rabelo foi o último palestrante do seminário. Sua fala chamou a atenção para a magnitude da crise, “não é um a crise qualquer, o que estamos vivendo é a maior crise do capitalismo em todos os tempos”, advertiu. Ele ponderou que não basta ao estado o controle de tudo e afirmou contra-argumentando que “a intervenção do governo na economia sempre foi utilizada como instrumento salvador do capitalismo, sua última instância”. O dirigente defendeu como ações para enfrentar a crise as parcerias estratégias entre os paises, a preservação da economia nacional e uma política que prestigie o trabalho. Ao finalizar, Rabelo juntou-se aos demais palestrantes nas críticas a Henrique Meirelles e propôs um movimento em favor da demissão do presidente do BC e de uma mudança de rumos imediata da política monetária brasileira. Para Edson Miranda, o secretário de comunicação do Partido dos trabalhadores, esta iniciativa foi muito importante e deve ser ampliada. Ele defende que encontros desse nível sejam oportunizados para um número cada vez maior de pessoas. “Precisamos discutir exaustivamente sobre esse flagelo especulativo e as propostas para um novo modelo de mundo. Queremos tempos felizes, onde prevaleça a igualdade”, avaliou Miranda.

As informações são do site do PT/BA (www.ptbahia.org.br)

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